O caso, revelado meses depois, teve grande repercussão porque foi a primeira fatalidade envolvendo um veículo com esse tipo de recurso, que permite que o carro rode sozinho, dentro de certos limites.
O Tesla Model S, com tecnologia semiautônoma, colidiu com uma carreta que vinha no sentido contrário e tentava fazer uma conversão, na Flórida. O motorista do carro morreu na hora.
Em janeiro último, uma investigação do departamento de transportes do governo dos EUA, o NHTSA, considerou que não houve falha no sistema e atribuiu o acidente à desatenção do motorista. Constatou ainda que o carro estava além do limite de velocidade permitido na via.
Fora dos limites
Agora, o Conselho Nacional de Segurança do Transporte dos Estados Unidos (NTSB), especializado na investigação de desastres aéreos e acidentes de trânsito de grandes proporções, afirmou que houve "excesso de confiança" da vítima, mas apontou que o sistema da Tesla acabou sendo usado fora dos limites.
"A Tesla permitiu que o motorista usasse o sistema fora do ambiente para o qual foi projetado", declarou o presidente do NTSB, Robert Sumwalt. "E o sistema deu liberdade demais ao motorista, dispersando a sua atenção com outra coisa além de dirigir. O resultado foi uma colisão que, francamente, nunca deveria ter acontecido".
O sistema da Tesla, apesar de conseguir ler os limites de velocidade e outros fatores importantes, não desliga o piloto automático em tais estradas.
Sistema deu avisos
O relatório analisou fatores por trás do acidente em que Joshua Brown, de 40 anos, morreu após não responder a 7 avisos do sistema da Tesla para voltar ao modo ativo de direção.
Geralmente, em carros com o sistema semi-autônomo, o motorista precisa demonstrar que está atento e pode retomar o controle do veículo a qualquer momento, mantendo as mãos sobre o volante, por exemplo (conheça 4 modelos vendidos no Brasil). Se o carro "percebe" que não há sinal de atenção do condutor, ele emite alertas sonores, visuais e ou por meio de vibração.
A equipe do NTSB não pôde explicar o motivo para a falta de atenção do motorista da Tesla, ou o fato do condutor do caminhão não ter freado.
A Florida Highway Patrol encontrou vestígios de maconha no sangue do motorista do caminhão, mas o NTSB não determinou se a droga exerceu um papel importante no acidente.
A montadora disse ainda: "Agradecemos a análise do NTSB sobre o trágico acidente do ano passado e avaliaremos suas recomendações à medida que continuemos a evoluir nossa tecnologia".
Ainda em 2016, a Tesla promoveu uma atualização do "Autopilot", a fim de aumentar a segurança do sistema.
Família defende Tesla
Um dia antes de o NSTB apresentar as conclusões da investigação, a agência se reuniu com parentes da vítima e representantes da Tesla. A família de Joshua Brown divulgou um comunicado após a audiência, dizendo que não culpava o carro e nem o motorista pelo acidente.